Os cinco estágios do Product Owner

Olá Pessoas,

Antes de mais nada gostaria de agradecer o WordPress, por ceder este espaço para que a gente possa, em alto nível, discutir a gestão de projetos e produtos, a agilidade e demais assuntos no Brasil… (protocolos e blá blá blás cumpridos, vamos ao que interessa)

Nestas minhas andanças pelo mundo ágil, atuando em diferentes organizações como Scrum Master e Agile Coach, tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis que exerciam o papel do Product Owner. Uns com profundo domínio de negócio ocasionado pelo tempo que mexiam com aquele business… outros que agregavam, além do conhecimento de negócio, um excelente background técnico capaz de auxiliar o Time de Desenvolvimento no entendimento das necessidades, facilitando, inclusive, nas priorizações por valor de negócio/complexidade de implementação… e outros ainda que, dada a capacidade analítica e a capacidade de formular perguntas oportunas, transitavam, do conhecimento básico ao avançado sobre um determinado produto, com maestria invejável… tornando-se, num curto espaço de tempo, imprescindíveis para o ciclo de vida produto, para a saúde do Time Scrum e para a organização.

Contudo, caros visitantes deste blog, pouquíssimos foram os POs em que tive a oportunidade de trabalhar que receberam da turma dos que “pagam a conta” o empoderamento necessário para que atuassem, na medida certa, como sponsor da bagaça (o dono da porra toda)… aquele sujeito que, não sendo necessariamente o dono da bufunfa, tem a senha do cofre.

Em particular e sendo um pouco mais específico, tive a oportunidade de trabalhar com apenas um Product Owner que detinha um sólido domínio de negócio — um aplicativo móvel para gerenciar listas de compras (BI) — e que possuía característica de sponsor/empreendedor (era ele o investidor). A performance de um Product Owner com esse nível de empoderamento e autonomia faz com que os mantras da entrega contínua de valor de negócio se traduza efetivamente em retorno sobre o investimento.

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Conforme detalharemos mais adiante… há que se considerar em complemento que, por definição, um Product Owner não deveria ser um “mero escritor” (escriba) de historinha de usuário e muito menos ser o proxy (leva e traz) entre quem manda e quem faz. Estas idiossincrasias são ainda, lamentavelmente, muito comuns em organizações de porte e culturas variadas por conta da 1) complexidade das hierarquias existentes que de certa forma inviabiliza a descentralização das decisões de negócio e 2) necessidade quase que vital de A) dar os devidos encaminhamentos aos perfis e cargos existentes, correlacionando-os com o novo papel (analista de negócio/requisisto/PO) abrindo mão, todavia, das responsabilidades inerentes ao novo papel e mantendo o velho status quo (baixo poder de decisão) e B) desintrincar os processos, muitas vezes obscuros, de formação e gestão de budget, que na maioria das vezes nascem umbilicalmente ligados ao escopo macro do produto (seja ele qual for).

Identificando os estágios de um Product Owner

O conteúdo a seguir foi extraído do tópico Agile Product Management do Scrumorg-PSPO_outertext-500treinamento Professional Scrum Product Owner™ da Scrum.org. Estes estágios foram concebidos com base na experiência e percepção dos profissionais que atuam com Scrum em diferentes partes do mundo, dos trainers (PSTs) da Scrum.org e do próprio Ken Schwaber (o pai da criança), uma vez que são eles quem mantêm a qualidade e o conteúdo dos treinamentos oficiais.

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Escriba (escritor de requisito, história de usuário, caso de uso e etc…)

Nesta fase, que comumente acontece em projetos pilotos (iniciativa) de adoção e implementação de Scrum, analistas de negócio e afins assumem o papel do Product Owner e, replicando a lógica da elaboração de especificação de requisitos, passam a adotar o padrão história de usuário (quem > o que > pra que), Kent Beck et al. Geralmente estes perfis emergem do lado de TI, atuam como secretária do time (psicografando requisitos) e, por possuir baixa influência sobre o negócio, é comum verificar atrasos e desperdícios nos times que atuam.

Proxy (leva e traz entre negócio e TI)

Assim como o PO escriba, o PO proxy tem forte ligação com a TI (analista de negócio, requisitos e etc), entretanto é comum POs proxy possuírem um pouco mais de influência com a unidade de negócio das organizações. Transita bem entre os gerentes de produto e consegue, em alguns casos, influenciar na ordem de prioridade do itens de backlog (PBIs). Em organizações onde há a intensificação do uso dos métodos ágeis, como o Scrum, este tipo de PO é bastante visto. Além disso tanto o PO escriba quanto o proxy encontram dificuldades em esclarecer dúvidas do Time de Desenvolvimento, pois apenas recebem as demandas e, na melhor das hipóteses, trabalham no detalhamento desta demanda ganhando desta forma um pouco mais de propriedade e autonomia para representar o produto.

Business Representative (representante do negócio)

Neste estágio o PO geralmente é alguém que (como o nome diz) representa o negócio. Este estágio é uma clara evolução do PO proxy, pois ao invés de emergirem da TI surgem do lado do negócio. Este fator auxilia na tomada da maioria das business decisions uma vez que este perfil conta com um acesso muito mais abrangente do domínio de negócio. Ainda assim falta a este perfil a autonomia necessária para o efetivo gerenciamento do produto.

Sponsor (o patrocinador… o “dono” da pelega)

POs neste estágio possuem grande poder decisório tanto na coluna do produto quanto na coluna da gestão financeira. Possuem grande influência e nível de empoderamento pois, como conhecem muito bem o business case e os benefícios/retorno que aquele produto trará, recebem meio que um “cheque em branco” dos investidores (os donos da grana) para manejar os rumos do produto. Este perfil num Time Scrum auxilia bastante no bom andamento do fluxo de trabalho, pois menos interrupções são causadas por falta de entendimento e por falta de decisões de negócio… além disso, este perfil proporciona uma certa segurança para a tomada de decisões técnicas do Time de Desenvolvimento.

Entrepreneur (empreendedor)

É muito comum ver POs neste estágio inseridos na ambiência das startups. Na grande maioria da vezes são eles os investidores (donos do dinheiro). Isto traz alguns pontos positivos pois eles possuem total poder para tomar qualquer decisão de negócio/financeira, o que aumenta (e muito) as chances de sucesso de um produto (o olho do dono é o que engorda o porco, dizia minha avó). Por outro lado, podem introduzir uma certa pressão sobre o Time de Desenvolvimento, se não tiverem um forte entendimento da natureza complexa que é desenvolver software. Um outro ponto importante é que POs com este nível de autonomia podem delegar algumas atividades de baixo valor agregado, que estão sob sua responsabilidade, para outros POs tais como escrever histórias, critérios de aceite, prototipar e etc…

Concluindo… independente da capacidade técnica adquirida ao longo de sua trajetória profissional, você pode estar atuando, pontualmente, em dos cinco estágios elencados neste post. Talvez o momento e o nível de maturidade de sua organização, não permita que você transite e/ou evolua entre os estágios. De todo modo, identificar o seu estágio atual como PO e traçar uma estratégia para transcender são, na minha opinião, as duas coisas mais importantes que você deveria fazer.

Momento Jabazin: nos dias 26 e 27/09 realizaremos mais uma edição do Professional Scrum Product Owner™ no Hotel Transamerica em São Paulo. Este e muitos outros assuntos relacionados ao papel do Product Owner, serão abordados durante os dois dias do treinamento.

Mais informações aqui

Saudações Ψ

1 Comments on “Os cinco estágios do Product Owner”

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